Tentamos todos os métodos para que a distracção nos tire a aflição, filmes que não conseguem prender-nos a atenção, jogos que nos criem ritmo que ocupe a mente, corremos/passeamos para arrefecer a cabeça, conduzimos até nos perdermos, olhamos o mar para nos sentirmos vivos e pequenos, para que a dor se torne insignificante, e em todos os casos, chegamos à conclusão que estamos no mesmo ponto de onde partimos, a dor mantém-se e a ansiedade não passou.
É uma dor pequenina que se instala à volta do coração, que o aperta, quase dá para sentir onde é. Começa pequena, como uma luz de presença, que está ali para ficar, depois aperta, sufoca e quase que nos tira o ar, aumenta e diminui, mas mantém-se quase insuportável, como uma gota que nos cai na testa, que por mais leve ou intensa, deixa-nos loucos de dor.
Essa dor, não nos deixa pensar razoavelmente, não nos deixa estar lúcidos, deixa-nos fora de controlo. Tentamos controlar o pensamento, arejar o psicológico de forma a clarear ideias, mas a dor continua lá, presente.
O nosso pensamento está em transe, nada o consegue distrair, nada o consegue ocupar, o corpo fica hirte, a mente desligada do racional, o lado emocional enche todos os poros do corpo como uma praga que se alastra em todas as direcções do que nós somos. Deixa de existir diferença entre o corpo e mente, somos um só totalmente controlados por emoções. Custa a respirar, aperta o coração. Custa comer, o estômago não quer trabalhar, apetece chorar, mas não queremos deixar-nos ir com a dor. A cabeça não pára, não desliga, não conseguimos adormecer, estamos tensos sem fazer nada, contraídos na aflição.
Já todos vivemos estes dias, que acabam com a solução que esperamos, qua acabam de repente quando achamos a resposta, ou encontramos bem, aquilo que era a nossa preocupação. Ás vezes demora uns dias a passar, vai deixando devagarinho o nosso corpo que é ocupado pelo batalhão do racional, mas deixa uma magoa, uma névoa a pairar, um medo de voltar a sentir. O medo é tão grande que preferimos esquecer o momento de crise e tentamos apagar da memória o sentimento angustiante que vivemos.
Odeio dias de crise!
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