Ontem passei o dia com os meus sobrinhos. A determinada altura, o mais velho, de 10
anos, pergunta-me se pode aceder ao facebook através do meu telemóvel. Olhei
para ele desconfiada, e a meter-me com ele, perguntei o que o levaria a
precisar de ir ao facebook a meio do dia, ao que ele responde, que não era para
nada, denunciando-se de imediato pela expressão e sorriso envergonhado.
Deixo-o
espreitar o facebook. Quando me devolve o telemóvel acaba por me confessar que
tem uma namorada. Fiquei espantada, porque sendo ele um rapaz de 10 anos, ainda
não esperava que já olhasse para as raparigas e muito menos que ficasse nervoso
com a situação, de forma a que isso o levasse, a meio do dia, procurar falar
com ela.
Fiz-lhe
algumas perguntas, para me mostrar interessada, e ele acabou por me contar que
tinham começado na véspera, através do facebook, e que ainda não tinham estado
juntos desde que iniciaram o namoro.
Fez-me
relembrar dos antigos bate-pé, onde quase todos os primeiros namoros começavam,
e dos telefonemas sentados no hall de entrada da casa, na zona mais fria e
desconfortável da casa inteira, onde eu ficava pendurada ao telefone durante
horas, ou então a pedir por favor aos meus pais ou irmão que não ocupassem o
telefone durante demasiado tempo... Não pensei com saudade, mas com a sensação
de que hoje em dia, tudo é mais descomplicado. Para falar/encontrar alguém,
basta um simples telemóvel com acesso à internet e até podemos estar a meio de
um programa de familia,como foi o caso.
Como
teria sido mais fácil, poder fazer todos os programas, sem que a vontade de
falar nos obrigasse a esperar um dia inteiro em casa, na esperança que aquele
telefone fixo, desse sinal de vida. Os dias de ansiedade plena que me tinham
tirado, se na altura existisse um facebook e internet mesmo à mão, para aceder
em todo o lado, e já agora se não fosse pedir muito, os milagrosos telemóveis!
Voltando
à nova e primeira relação do meu sobrinho. Lá estava ele empolgadíssimo com a
nova namorada, que abriu novamente a pagina do facebook para me mostrar as
fotografias dela (como qualquer pessoa solteira, da minha idade, faz) e
aproveita e mostra-me a conversa que tiveram. Estranho, sem comentar, quando
leio que no momento em que ela lhe diz que gosta dele, ele pergunta-lhe se está
a gozar, ao que ela responde que não. Umas linhas à frente ele volta a
perguntar-lhe se é uma partida, ela volta a dizer que não. Não contente, mais à
frente, volta a dizer que já sabe que é tudo mentira, que um amigo comum lhe
tinha confirmado. Ela já ofendida, diz apenas "ok", ao que ele reage
logo (como qualquer outra pessoa da minha idade reagiria ao sentir-se
desprezado), dizendo que estava a brincar que era só um teste e acaba por
admitir que também gosta dela e que tinha duvidado porque nunca ninguém antes
tinha gostado dele. Fico chocada com a conversa. Afinal o medo de se ser
rejeitado não se adquire com o insucesso de algumas relações passadas, afinal
está em nós, logo desde a primeira relação.
Também
me choca que a idade não mude assim tanta coisa nas relações, sentimos os
mesmos sintomas, queremos partilhar, mostrar, falar, temos medo de nos magoar,
de dar mais do que aquilo que podemos receber e se nos sentimos a perder o
controlo, se nos dão para trás, baixamos as armas e admitimos todos os erros.
Special Agent Naughty
Special Agent Naughty
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