4 de abril de 2012

O "telefonema"....

...O tal que um dia, irá, inevitavelmente, chegar directamente para a nossa alma. E – contrariando Einstein – virá a uma velocidade superior à da luz, arrastando-nos com ele.


“Vou-me casar”, ouve-se do outro lado da linha. Neste exacto momento o nosso super-ego terá de emergir. Não há Kant nem Freud que resistam. Um enorme flash-back atravessa-nos. O que pensamos conscientemente estar ultrapassado, invade-nos e lança-nos, por breves momentos, numa completa desorientação emocional.

“Parabéns!”, digo, com total sinceridade. Mas a teoria que os homens não choram quase cai por terra. A visão fica incandescida, mas esta é uma guerra perdida. Não haverá lágrimas. Já basta a lança que nos atravessa.

“Oh, és mesmo meu amigo”. Pois sou. Sempre fui e serei. Não resultou, e foi absolutamente desesperante. Duas pessoas que se pensavam ser perfeitas uma para a outra e, afinal, eram o cúmulo da incompatibilidade. Arrisco-me mesmo a dizer que fomos a maior desilusão amorosa na vida de cada um. Pensávamos que éramos "the one". Não deu. Mas foram momentos únicos, irrepetíveis, daqueles que se passaram há anos e, pelo menos eu - até porque não nunca tive a coragem de te perguntar  -  sou capaz de me relembrar com o mais ínfimo detalhe. O cérebro prega-nos com cada uma…ou será mesmo a consciência?

Os maus momentos são esquecidos. Totalmente esquecidos.

Mas a guerra está longe de estar perdida. Começa neste mesmo instante a ser ganha. Se racionalmente sabes que não conseguirias estar outra vez com essa pessoa, o emocional acompanha agora esse sentimento. Talvez seja a parte mais importante. Afinal, as terapias de choque são para ser usadas.

Mas as memórias devem ficar. Os e-mails, as fotos, os objectos, fazem parte da nossa vida. Uma parte passada, mas importante. As pessoas que marcam devem permanecer. Guardadas, longe da vista, mas não apagadas. Fazem parte de ti, moldam uma pessoa. Fazem-nos sentir humanos. Pessoas com capacidade de amar, essa palavra tão difícil de pronunciar.

O que fazer então? Telefonar aos amigos que sentimos que nos podem ajudar. Aqueles que sabemos, por experiência, vão usar as palavras certas. Que nos aconselham.

E o dia seguinte será um novo dia. Mais livre, mais espontâneo, mesmo se inconsciente. Porque, afinal é o inconsciente que nos dita o caminho a seguir e, sobretudo, que disponibiliza e permite libertar-nos de uma vez por todas.

Estamos livres!

Ps1. E sim, vamos ao casamento. Mas sempre acompanhado. Ou namorada ou a nossa amiga mais gira. E sim, nesse dia serei ultra-metrossexual. Nada pode falhar. Com um sorriso na cara. Sempre. Por mais que nos custe. Até porque sei que as tuas amigas que nunca gostaram muito de mim vão estar lá.

Ps2. E não penses que te ia deixar casar com um “bandalho” qualquer. Afinal, supostamente estávamos destinados um ao outro. Algumas conversas e soube que estavas “bem entregue”.


Agent Barney

4 comentários:

  1. Maravilhoso!
    Nobre, sincero.
    Bolas, fizeste-me chorar, a mim, que não sou tida nem achada neste post.
    Adoro a tua integridade, meu querido amigo.
    M.

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  2. Excelente....Excelente...Que sentimentos sinceros. Lamento que neste caso não seja o agente Barney a subir ao altar com esta mulher que...como se pode ver...por ele já terá sido tão amada. Maravilhoso texto. Maravilhosa expressão de sentimentos. Triste sensação de perda. Mas ambiciosa noção de luta pelo dia de amanhã e por uma felicidade que há-de vir, e que há-de ser tão bem conquistada. Desejo-te o melhor...Agente Barney!

    B...

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  3. muito bom este post... parabéns
    adoro o blog

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