14 de dezembro de 2011

As rugas são o mapa da nossa vida

Sei que um dia daqui a 40 anos vais olhar o meu corpo, não com a sensualidade que hoje vês através do teu olhar, mas com o amor que ele irá carregar. Vais olhar para cada ruga, para cada estria, vinco ou celulite, como um mapa desenhado da vida que vivemos juntos. Vais percorrer com os olhos cada milímetro, que tão bem conheces e que foste vendo a vida marcar, como etapas que foram vividas e que o corpo não quer esquecer.
Vais conseguir ver toda a nossa história e apesar de já não ser aquele corpo sexy que tantas vezes quiseste despir para te perderes em noites de amor, vais olhar e sentir um amor mais profundo, uma ligação mais intensa, como se eu fosse uma extensão daquilo que tu és.

Lá, estarão gravadas todas as vezes que engordei porque estava feliz, e todas as vezes que emagreci de tristeza. Sentirás o alto na perna, daquela vez que, ainda adolescentes, quando nos chateámos e eu virei costas para me soltar de ti e bati de encontro a um banco que estava mesmo ao nosso lado. Conseguirás ver a queda que demos juntos a dançar no nosso casamento, quando me fizeste rodar sobre mim mesma e te esqueceste de me amparar. A cicatriz que me atravessa o lábio superior, da vez que bati de encontro ao móvel, enquanto fazíamos as mudanças para a casa nova. A marca na barriga, que o nosso terceiro filho deixou, por ser tão preguiçoso esqueceu-se de dar a volta e ali ficou, sentado, à espera que o tirassem. Estarão gravadas nos meus olhos, as noites que chorei por ti com medo de te perder, e as noites que chorei pelos nossos filhos, por não os poder sempre proteger. Nas faces, todas as gargalhadas que soltei e as alegrias que vivi. Na testa as preocupações que fui tendo, e que tu, estiveste lá, ao meu lado. O pescoço que leva o peso de todas as tristezas, preocupações e alegrias que a cara vinca. As mãos que te seguraram todos os dias da nossa vida com amor e que estarão a segurar os nossos netos, para os apoiar nos primeiros dias do resto da vida.

Nesse dia, daqui a 40 anos vou ver-te através do espelho a espreitar o meu corpo despido, com o tempo nele marcado, e não me vou sentir envergonhada, porque a tua expressão vai estar coberta de amor, de ternura e de nostalgia de uma vida inteira a meu lado. Eu transportarei comigo o mapa da minha e da extensão da tua vida, que o tempo foi transformando. E é nessa altura que percebemos que a beleza não está na perfeição e na pele lisa sem história, mas na história que o tempo deixa para sempre gravada em nós.





Special Agent Naughty

13 de dezembro de 2011

Nao tens idade para isso

Quando andava na universidade, a minha avó dizia-me para me esquecer os namorados e concentrar-me nos estudos. "Tens tempo", dizia-me ela. Mas mal acabei a universidade começou a perguntar quando é que eu pensava arranjar alguém, como se a ordem natural das coisas viesse num livro e fosse tempo de passar à fase seguinte.

Sensivelmente 3 meses depois de acabar o curso, a minha avó veio com uma conversa de "estás a ficar a velha... tens que te despachar..." e eu tinha 22. Dez anos depois, tenho a sensaçao que a minha família - e nao só a minha avó - desistiu de mim.Melhor assim!

Aos 22 ia para o Lux e era muito nova... agora, depois dos 30, começo a achar que demasiado velha para ir lá. O mesmo se passa com o alcool, primeiro nao tinhamos idade para beber e agora somos muito velhos porque nao aguentamos as ressacas; com as férias, antes nao tinhamos dinheiro e agora nao temos tempo e com outras 1000 coisas.

Por exemplo, ser-se pai antes dos 30 "é ser pai novo" mas ser depois já é "ser velho".

Onde é que está essa barreira? Nos 30? Quem é que a definiu?  E como é que funciona? Um dia adormecemos novos com 29 para acordarmos velhos e com 30 no dia a seguir? e se os novos 30´s sao os antigos 20´s porque é que ter 30 nao é ser-se novo para tudo? Ou esta "regra" só se aplica em inglês e à commonwealth?

O tempo é relativo e prova disso é que a nossa ideia de duraçao de um minuto depende do lado da porta da casa-de-banho em que estamos. Por isso, 30 anos podem parecer muito dependendo do lado da vida em que nos posicionarmos, se custaram a passar ou se ainda choramos a rir só de pensar em certos episódios!

A nossa idade é, acima de tudo, mental e depende muito de como nos vemos e da vida que levamos! Por isso, façam um favor a vocês próprios, dediquem-se tempo, riam, cuidem-se  e tirem-vos 10 anos de cima. A felicidade funciona melhor que botox!



Special Agent Drama

Ser-se singular

Há uns dias, enquanto esperava por ser atendida, numa das esplanadas de rua do chiado, distraí-me com a conversa de duas amigas que estavam numa mesa ali perto e ouvi uma das frases mais intrigantes que tenho ouvido, mas que espero, que tenha um fundo verdadeiro.

A determinada altura, uma delas pousa uma das mãos por cima do ombro da amiga, onde a deixa repousada num gesto de ternura, e proferiu a seguinte frase (que me deixou até hoje, pensativa): 
«Sabes, tu és uma pessoa muito especial e singular, e quanto mais singular uma pessoa é, mais difícil se torna encontrar a sua outra parte.»

Essa frase ecoou nos meus ouvidos durante essa noite, o dia seguinte, e continua a até agora a ter repetições na minha mente que me fazem reflectir sobre isso.

Primeiro de tudo, o que é que nos torna singulares? Será que somos singulares para os nossos amigos, pessoas que nos conhecem bem e gostam de nós, ou somos, porque temos certas características que nos tornam realmente únicos, e se assim for, então não somos todos singulares?

Acreditando que temos realmente certas características mais distintas, que nos tornam, de certa forma diferentes, isso é bom? É bom sermos diferentes e únicos? É bom para quem? Se isso implica que é mais difícil encontrar alguém de quem realmente gostamos. Não seria mais fácil sermos mais iguais aos outros e termos a oportunidade de encontrar alguém que nos preencha mais facilmente?

Não sei se sou especial, acho que todos nós queremos ser e queremos pensar que o somos, agora que a minha outra parte também ainda não apareceu, isso é verdade, mas também não é isso que me torna mais especial, talvez me torne, com o tempo, é mais egoísta!

De qualquer forma, esta frase acaba por trazer alguma esperança e com ela alguma vontade que seja esse o motivo pelo qual, para uns parece ser tão difícil, o que para outros é tão fácil.

...
Ao mesmo tempo, isso faria, com que a amiga da minha mãe, que só casou aos
50 anos, seja uma pessoa muito especial e singular, e eu nunca a vi como
tal, mais como uma desbocada, intriguista, que só sabia falar da vida dos
outros...

O melhor mesmo, é não fazer comparações.


Special Agent Naughty



Thanksgiving

Este ano fui, pela segunda vez, a um jantar de acçao de graças. Pela segunda vez tive a oportunidade de me empaturrar em perú enquanto enumerava, em alto e bom som, as coisas pelas quais estou agradecida.

Pela segunda vez disse em frente a amigos, conhecidos e desconhecidos, o quao agradecida estou pela minha família, pelos meus amigos, pelo meu trabalho. Pela segunda vez disse alto coisas que nao costumo dizer baixinho e que, provavelmente, nunca disse a quem deveria ter dito.Porque, pensando bem, nunca reuni os meus amigos para lhes dizer "Obrigada por fazerem parte da minha vida", nunca disse à minha família "Obrigada por seremos uma família tao unida" e dificilmente direi ao meu chefe "Obrigada por me teres dado este trabalho". Nunca lhes disse nada disso... mas já o devia ter repetido até à exaustao.

Se adoptamos tantos costumes americanos que nada têm a ver com a nossa cultura, como o halloween ou o frango frito, porque é que nao adoptamos aquilo que os americanos têm de melhor? Será que dizer bem é incompatível com a cultura do coitadinho? ´Nao deveríamos estar orgulhosos das coisas boas que a vida nos deu?

Vou propor à minha família que adoptemos esta tradiçao americana já este Natal. Afinal, parece-me bastante mais natalício agradecer a Deus as coisas boas que nos deu do que oferecer presentes e empaturrar-me de bacalhau e sonhos! Até porque prefiro encher-me de outros sonhos... que para o ano, no dia de Natal, estaremos todos juntos outra vez, de preferência com algum membro mais mas nunca menos, que os meus amigos o sejam para todo o sempre e que a vida me dê ainda mais motivos para estar agradecida!



Special Agent Drama




Como passar uma noite com o Brad Pitt?

Pensem comigo, estamos em crise, deveríamos voltar ao tempo em que os produtos que não precisávamos, trocávamos por produtos que outros não precisavam e que nós ainda lhes queríamos dar uso.

Tenho visto muitas iniciativas de venda de objectos, roupa, tudo em segunda mão. Mas em vez de venda, o que deveria ser era troca.
Há tanta coisa para aí que uns não precisam e que outros estão desejosos de ter, porque é que não voltamos uns anos atrás e simplificamos toda esta questão de já não termos dinheiro para nada.

Imaginem todo o mundo de coisas que podíamos ter e que só não temos, porque temos de comprar e ficar eternamente com tudo. Se pudéssemos trocar tudo, podíamos aproveitar e ter coisas apenas durante uma semana.


Temos as necessidades básicas e mais modestas que iriam dar um jeitão!
Como por exemplo:
– Quem já não quer aquele sofá, porque a família cresceu, troca com uma família que os filhos saíram de casa e agora já não precisam de um sofá tão grande.
– O bebé que já não usa berço, oferece o berço a outra família que está a ter bebé e vai buscar a cama do irmão mais velho que agora já não precisa de grades.
– A família que já não tem dinheiro para alimentar um cão grande, vai buscar o cão de outra família que em vez de um cão de guarda se enganou e comprou um rato de trazer no bolso.
– A mulher que já não está apaixonada pelo marido, oferece-o à amante e fica com as jóias dela em troca.


Mas também podemos soltar os nossos limites e ter:
– Um avião a jacto por um dia, que trocava por tudo o que tinha;
– um Iate durante um fim-de-semana, que ia trocar pelo jacto que tinha em meu poder;
– uma noite com o Brad Pitt, que não me ficaria mais barato que o Iate com que estava;
– e novamente a minha casa, o meu carro e o meu trabalho, em troca do suborno que iria fazer à Angelina.


Assim o mundo passa a estar ao alcance de todos. Deixa de haver limites e todos podemos experimentar e viver um pouco de tudo, para além de que o dinheiro deixa de ser um problema. 


Tinha de haver um site especifico de troca directa (parece-me mais difícil ter isto em lojas espalhadas pela cidade, onde alguns dos exemplos que eu já dei se tornariam difíceis de ter em montra...) onde leiloaríamos tudo aquilo que já não precisávamos, em troca de tudo o que outros já querem dispensar, e em vez do «quem dá mais?», tínhamos o «quem dá o quê, em troca de quê?».

Ao colocarmos uma peça na internet que já não precisávamos, apareceria a primeira licitação e se a pessoa que quer fazer a troca, não precisasse do que lhe estavam a oferecer, não aceitava, até aparecer alguma coisa que lhe fizesse falta ou que simplesmente lhe apetecesse experimentar.

Sinceramente acho que deveríamos pensar sobre isto seriamente e começar desde já implantar esta ideia. 


Para tomar a iniciativa, gostava de passar umas noites neste quarto de hotel. O que preciso de oferecer em troca?


Special Agent Naughty

12 de dezembro de 2011

Associação Portuguesa das Mulheres Sem-Homem

Ando com a ideia de criar uma associação, que sinto, que faz falta a tantas mulheres.
Há os Sem-Terra, há os Sem-Abrigo* e devia haver as Sem-Homem.

Parece-me é injusto nunca ninguém ter pensado sobre isto. Deus inventou o Homem e depois a Mulher, com um único propósito que se unissem e que procriassem. Todos os outros propósitos já fomos nós que inventámos.
Logo qualquer mulher que ainda não tenha encontrado a sua outra metade, não está completa e sente-se, por motivos lógicos, como se não tivesse uma perna e um braço…
Agora fechem por 1 minuto os olhos e imaginem-se sem esses dois membros, agora tentem andar, subir escadas, apertar os botões da camisa, agora cortem um bife, andem de bicicleta ou conduzam um carro, e agora percebam que é isto que uma mulher Sem-Homem sente diariamente.

Estou decidida em criar esta associação. E espero que me ajudem nesta luta.

Isto é um problema grave e que deveria ter atenção de todos aqueles que estão emparelhados, por aí, felizes e contentes por estarem completos. Olhem para nós mulheres Sem-Homem e unam-se connosco nesta luta, venham ajudar!

Como é que podem ajudar, perguntam vocês?

Antes de vos responder a isso, quero explicar um pouco de como irá funciona esta associação das Sem-Homem:

1-   Teremos reuniões todos os meses, onde falaremos deste problema comum e o que nos levou a ser Sem-Homem;
2-   Na segunda parte da reunião entrará um homem, que irá apresentar-se. No fim da apresentação, as mulheres votam, e todas aquelas que estiverem interessadas ficarão como hipótese para que esse homem possa escolher com qual delas irá jantar. Isto para ajudar algumas a sair desta vida sem rumo.
3-   Na terceira e última parte desta reunião, distribuem-se os lucros (e é aqui que vocês, «emparelhados felizes», podem contribuir) entre todas as mulheres presentes, que poderão gastar em tudo o que as fizer aliviar desta situação.

Com isto respondo à vossa pergunta.

Estes gastos podem ser variadíssimos, desde peças de roupa, a massagens em spa, a férias na praia, fins-de-semana na neve e tantas outras coisas.
Tentem compreender, isto é só uma forma de aliviar e não de resolver o problema. Nada irá compensar a falta da outra metade que Deus criou para nós! Para além, de que são tudo formas de continuarmos bonitas e quase felizes para podermos ter esperança, de um dia, largarmos esta vida e podermos deixar de ser Sem-Homem.

Espero que contribuam para os nossos fundos mensais, na ajuda da procura da cura, para este problema que atinge tantas mulheres. Cada vez que contribuir, está a fazer uma de nós feliz!







Special Agent Naughty


* Quero deixar aqui a salvaguarda que a utilização destes dois nomes apenas têm como objectivo, justificar a origem das Sem-Homem. Não pretendo gozar com esta questão, porque é um assunto que respeito.

9 de dezembro de 2011

A janela da minha vizinha é sempre pior que a minha

Já alguma vez, se empoleiraram numa janela a olhar para a vida dos outros?

Sentados de frente, durante horas, dias, para uma quantidade de conhecidos e desconhecidos a ouvir, dessa janela, conversas que não vos dizem respeito?

Ficam a saber tudo, quem casou com quem, quem já está divorciado, quem ainda é solteiro, quem foi sair ontem e hoje está de ressaca, quem vai ter bebé, quem foi àquele casamento que toda a gente queria ir, as viagens que fizeram e as que ainda vão fazer, onde os vizinhos vão aos fins-de-semana… é toda uma quantidade de informações úteis que podem receber só de estar ali, parados, à janela.

Podemos cumprimentar os vizinhos que olham quando passam, ou fingir que não vemos aquele que está a passar do outro lado da rua, que anda a enganar a mulher e toda a gente sabe, podemos falar abertamente, para que toda a gente oiça, àquele novo vizinho que anda tudo a ver se o conhece e nós já tivemos a honra de ser apresentados.

Pois é, tudo se torna mais sofisticado, mas os velhos hábitos não se perdem, e aquela senhora mais velha que vocês vêem todos os dias naquela janela do rés-do-chão, que dizem vocês, está a bisbilhotar, pois saibam, agora e em primeira mão, que é o Facebook mais antigo de sempre. E tudo aquilo que aquela senhora consegue, sem usar electricidade, sem ter um computador, sem precisar de estar numa cadeira ergonómica própria para estar horas sentada sem criar lesões na coluna, sem precisar de adicionar amigos para poder entrar todos os dias na pagina da sua vida, nós, todos fazemos o mesmo, mas com muito mais custos adicionados, com acesso a muito mais informação, que não nos diz respeito, a muitas mais vidas que pedimos ou não permissão para podermos ver, e ainda temos a lata de dizer que os outros é que são cuscos ou bisbilhoteiros.

É tudo uma questão de perspectiva!


Special Agent Naughty

7 de dezembro de 2011

Quero ir para minha casa!

Aqui há tempos, tive de passar uma temporada em casa da minha mãe, voltar ao passado, mas sem voltar realmente ao passado. Ou seja, agora com todo o historial que tenho de viver sozinha, ter os meus horários, a minha independência, não ter de saber desde o momento que acordo se vou, ou não, jantar e o que é que vou jantar, tenho o sítio das minhas coisas, que só mudam de lugar quando eu mexo nelas, e não, quando alguém decidiu que aquela gaveta não estava bem para aquelas meias, porque estariam muito melhor na outra.

Não digo que não é espectacular ter o jantar à nossa espera, ainda por cima quando o podemos escolher, parece o sonho de qualquer pessoa. Isto, se pudéssemos decidir 1h antes, quando temos de decidir às 9h. da manhã, todos os dias, tudo muda.

Também é obvio que é óptimo ter alguém que se preocupa em deixar o nosso quarto todos os dias arrumado, a tentar fórmulas diferentes de arrumação perfeita, não acredito sequer que seja possível encontrar isso em qualquer parceiro que venha a escolher para casar, mas quando todos os dias o relógio que deixei ali, de manhã, em cima daquela mesa, está, ao fim do dia, dentro de uma caixinha própria para relógios, e que a roupa que eu já tinha escolhido para levar no dia seguinte, está meticulosamente arrumada em gavetas diferentes e cabides dispersos, é inevitável um ranger de dentes contido de saudade, de voltar para a minha casa.

Claro que passei o dia a martirizar a minha própria cabeça, a dizer mil vezes a mim mesma que a intenção é a melhor, que não tenho nada de que me queixar e que sou é uma mal-agradecida. Mas quando chego a casa e digo que vou voltar a sair e saltam logo uma enxurrada de perguntas,
           – e agora onde vais? Com quem? Chegas tarde? Não descansas! Amanhã tens de acordar a que horas? Então vê lá se depois vais conseguir ir trabalhar a horas…
Volta a sensação de que estou a mais naquele lugar.

As nossas mães ensinam-nos tudo, tratam de nós, estão lá para o que for preciso, não descansam um minuto enquanto não sabem que estamos bem, fazem o melhor que sabem para nos continuar a agradar, e nós, filhas/os desnaturadas/os, não descansamos enquanto não saímos de baixo da asa delas e quando finalmente conseguimos sair, temos uma enorme dificuldade em aguentarmo-nos lá muito tempo.

O que é facto é que acabei por ficar lá, tempo a mais do que o que esperava, e acabei por deixar de parte essa sensação de querer voltar, a todo o momento, para casa e comecei a aproveitar os mimos, a companhia constante e os jantares cheios de calorias.

Mas também quando voltei a pôr os pés na minha casa..., senti aquela sensação de paz, que todos temos, quando voltamos do trabalho ao fim do dia, ou quando nos aninhamos no sofá num domingo preguiçoso, ou até mesmo quando voltamos de uma viagem interminavel. A verdade é que sabe bem, estar na nossa casa. É como um amante que está lá sem fazer barulho, nem perguntas, que nos dá protecção, conforto e que nos atura, em todas as nossas fases, sem se queixar. Está simplesmente lá, à nossa espera, todos os dias.

Passei à porta de uma creche, num desses dias em que estive fora de casa, e ouvi uma criança, que estava ao colo da sua mãe, não teria mais de 2 anos, e chorava – Mãe, quero ir para a minha casa!
Nesse momento, tive a percepção de que o sentimento da nossa casa, vem, desde o dia em que começamos a falar.


Special Agente Naughty

O fardo de uma mulher solteira

Diz a sociedade que uma mulher tem de se casar e ter filhos antes dos 30 e, mesmo que vos  digam, uma e outra vez, que é mentira, que a sociedade está a mudar, que as mulheres se querem independentes, não se enganem e aceitem, com piedade, o papel de “coitada” que a sociedade nos impõem.

Atentem ao meu exemplo: Desde os 23 que me perguntam COM FREQUÊNCIA quando é que eu me caso. É indiferente para estas mentes curiosas se eu quero casar, se faz parte dos meus planos constituir uma família, se a minha vida está bem como está, se eu estou feliz... só lhes interessa saber a data do meu casamento. Tenho cá para mim que um dia, se eu me casar, a preocupação vai ser “Então e quando é que tem filhos?” e que depois do primeiro filho – e suponhamos que é uma miuda – será toda uma nova inquietude: “Então e o menino? Já agora um casalinho”... e por aí adiante até que o meu número de filhos seja suficientemente elevado para que as mesmas mentes curiosas andem por aí a comentar “ Ai valha-me Deus. As coisas andam tão dificeis para ter tantos filhos. Que irresponsabilidade”. Em princípio, 3 filhos já é suficiente para ter direito a um comentário destes, sobretudo se os 2 primeiros formarem um casal. Porque a sociedade também acha melhor termos casais e que um casal é suficiente, mas não me perguntem porquê.

Mas pronto, já passei dos 30, não tenho planos para ter filhos proximamente e vivo bem com isso. Mas a sociedade não, porque se vivesse eu não estava sempre a ouvir “ Já não vais para nova. Tens que te despachar”. E a minha pergunta é: E como é que eu me despacho? Atraco-me ao primeiro que me aparecer à frente mesmo que não valha a pena? Ou drogo o primeiro que valha a pena e e levo-o ao Registro Civil?

Como nada disso está nos meus planos e como, reitero mesmo sob pena de parecer repetitiva, estou bem assim tive de aprender a conviver com os olhares de pena  misturados com malícia que me deitam. Porque sei perfeitamente que quando digo “ Tenho tempo” o meu interlocutor – sobretudo mulheres com mais de 30 – olham-me e dizem “pois...” mas com cara de quem está a pensar “a esta coitada ninguém lhe pega”.

Enfim, mal elas sabem o que é que andam a perder...


Special Agent Drama

Mulher ou Serial Killer?

Alguma coisa se passa e eu ainda não consegui descobrir o que é.
Oiço constantemente dizer em exemplos, contextos e pessoas variadas «ele estava a defender-se» e constantemente me pergunto «de quê?».

No outro dia falei com um amigo solteiro, que me dizia,
– não posso ligar já, tenho de dar aquele compasso de espera, sabes como é (e eu pensei... – não), senão ela nunca mais me larga.

A semana passada liguei a uma amiga que está em vias de iniciar uma relação. Depois de me ter posto ao corrente de como as coisas estavam a começar bem, conta-me que na semana anterior, não tinha ido jantar com ele porque ficara a trabalhar. Quando lhe pergunto se, entretanto, já tinham novo encontro marcado, ela responde:
         – ele agora está na dele, a defender-se (de?), tem que mostrar que está a cima disto tudo e que o facto de eu não ter podido ir jantar com ele, não tem importância.

Ontem, ouvi outra amiga contar que tinha ido jantar há três dias com um rapaz, que tudo tinha corrido bem, que ele mostrou vontade de voltar a vê-la mas que não lhe tinha dito mais nada desde então. Ao que ela, prontamente se justifica, mesmo antes de alguém poder sugerir alguma coisa:
         – São aqueles dois, três dias de banho Maria, para não mostrar interesse a mais (porque..?). É mesmo assim, tem de se defender, já levou muita pancada na vida!

Muito bem, já percebi que é generalizado, que existe um ritual  instituído que diz que não é de Homem mostrar interesse a mais e que em toda e qualquer situação devem-se defender o mais que podem das mulheres, de quem, por acaso, até estão interessados.

Até aqui está tudo bem, está instituído, está instituído e todos sabemos as regras do jogo. Mas o que me está realmente a falhar, é porquê?

Normalmente, se isto tiver alguma base de normal, as reacções são respostas a acções. Logo, a única hipótese que me ocorre, é que se os homens não tiverem muito cuidado com as mulheres, estas transformam-se em serial-killers.

Só pode ser isto! As mulheres no passado eram «o lobo, mascarado de cordeiro,» e de tanta «pancada» que foram dando nos homens, estes acabaram por ter de se defender. Assim, para que este serial-killer que vive dentro de cada uma de nós não desperte, os homens tiveram de aprender durante décadas que a única fórmula é manterem-nos o mais à distância possível. E com muito, mesmo muito cuidado, só nos vão deixando aproximar enquanto mantivermos a nossa capa de cordeiro, até nos conseguirem amestrar.

Por isso já sabem, da próxima vez que um homem estiver a defender-se e não souberem porquê, tentem compreende-los. Lembrem-se que os vossos antepassados, mulheres, já cozinharam uns deles...



Special Agent Naughty

6 de dezembro de 2011

Os (Des)engates

Tenho uma teoria de que vivo numa geração feita de ex-românticos, já foram e já não têm paciência de continuar a ser.


Já não se perde muito tempo com a criatividade na aproximação, já nem se tenta insistir de forma original, diria até que quem insiste normalmente utiliza o mesmo recurso até à exaustão o que se torna, em geral, chato!

Não sei se voltámos ao tempo em que não havia telefones e tínhamos de comunicar por telegramas, ou esperar que nos encontrássemos por acaso. Não sei, não vivi nessa época. Mas desconfio que esta deva ser, em certos aspectos, bastante semelhante.

O que me tenho apercebido é que há três formas básicas no que respeita à primeira aproximação:

1-    Facebook (ponho este em primeiro porque estou convencida que se existisse um gráfico, este ficava a uma distância mais do dobro do segundo lugar);
2-    Sms (e sim, é sms, nem sequer é o telemóvel, que poderia também incluir chamadas. Nada disso, assim é mais prático. É mais ou menos como funcionava o telegrama, escreve-se o indispensável e espera-se pela resposta);
3-    Encontramo-nos por acaso (isto se isso alguma vez acontecer, enquanto ainda está dentro do prazo).

Quando temos a primeira abordagem feita, seja ela uma destas três ou variantes do género, por chat, gmail, whatsapp, skype, e-mail… vem a segunda fase: o convite. Aqui sim, temos mais surpresas!

Temos obviamente o tradicional convite para jantar, ou o mais poupado café (para o caso de correr mal é mais rápido), temos ainda o adolescente cinema, o mais atrevido “beber um copo”, mas também temos aquilo a que eu chamo, os (des)engates. Aqui sim, esta é a parte em que entra uma tentativa de se ser criativo, mas meio sem paciência, com um «a ver se cola», ou um «pode ser que se for não, dê para escapar …»

Em conversa de mulheres já se ouviu de tudo:

-       Queres ir comigo passear o cão?
-       Podias fazer um jantar em tua casa para nós…
-       O que me dizes de nos encontrarmos em minha casa depois do jantar?
-       Queres ir comigo ver uma feira de carros?
-       Tenho um jantar com mais dois casais, queres vir comigo?
-       Queres combinar ir correr?


Nem sei por onde começar nos meus comentários, isto se sequer é preciso comentar.

Que ideia é que os homens têm ao acharem, que nós queremos, como primeiro encontro, fazer coisas que só lhes interessem a eles? Se nos convidam para jantar, porque é que temos de ser nós a cozinhar? A tentativa de engate, de nos pedirem para depois de jantar (bastava ficar por aqui) ainda termos de ser nós a deslocar-nos até casa deles… e que tal virem buscar-nos para dar um passeio? E desde quando é que já queremos conhecer os vossos amigos se ainda não vos conhecemos o suficiente. E esta moda de convidar para ir correr? Nenhuma mulher se quer apresentar num primeiro encontro, sem uma pinga de maquilhagem para poder transpirar em bica e mostrar a sua óptima resistência física na corrida!

Muito sinceramente, estou convencida que todas as mulheres já se habituaram a estes rituais, e das duas, uma, ou nos surpreendemos quando um homem sai do padrão e quase nos apaixonamos de imediato, por este ser uma raridade, ou optamos por sermos nós a chegar-nos à frente!

Podia dizer que tenho saudades dos românticos, cuja época oiço, leio e vejo em filmes, e que nunca vivi, mas se me tirassem estes desengates, a minha vida não teria a mesma graça!

Special Agent Naughty


5 de dezembro de 2011

Wishlist

Já que estamos numa de pedir....

Eu sei que é cara mas eu gosto tantoooooooo

Ou uma destas:


Para tirar umas boas "chapas" quando for às Galápagos, dar um mergulho com esta "malta":



Ps: A viagem também é para ser oferecida....


Special Agent Drama




A insutentável leveza do ser









Isto é um resumo da história da minha vida!


Depois de anos empenhada em lutar com um metabolismo lento, descobri, numa revista de “trazer por casa”, que tenho uma alimentação típica emotiva, baseada em sentimentos. Como porque estou feliz ou porque estou nervosa ou porque estou triste ou porque estou ansiosa ou porque simplesmente todo e qualquer sentimento me autoriza a comer! Descobri isto e tramei-me porque agora tenho sempre desculpa para tomar um copo de vinho ou comer uma sobremesa e a minha relação com a minha dieta tem-se vindo a deteriorar cada vez mais.

Não consigo ser "levezinha" mas não me consigo resignar... quero pôr skinny jeans, botins curtos, mini saias e tudo aquilo a que as pessoas magras têm direito! No fundo, quero ser magra e quero ser magra já, pelo que decidi tornar-me na mais acérrima seguidora do Endiosado-pelos-gordos Dunkan e perder 6 kilos!

Começo amanhã e só espero que esta história não acabe com outro bilhetinho...

Special Agent Drama

Meu querido Pai Natal:

Uma vez que estamos mesmo em cima do Natal, e como este ano estamos em fase de contenção absoluta, decidi desabafar em carta, tudo aquilo que eu gostaria de ter, mas que apenas posso ter neste post.


Quem sabe se o Pai Natal não existe mesmo e ainda me deixa um destes presentes na chaminé... Vale a pena tentar, até porque já não escrevo há muitos anos uma carta ao Pai Natal e, se ainda me lembro, a última vez que escrevi recebi qualquer coisa que estava lá na lista. Por isso, na volta o Pai Natal só não me oferece nada porque não sabe o que quero receber.

Então, aqui vai:

Meu querido Pai Natal,


Bem sei que não te escrevo há muitos anos, o tempo passa a correr e não temos tempo para nada. As estações já não são como eram e os dias já estão mais pequenos.
Deixo aqui a minha lista de presentes que gostaria de receber este ano, deixo imagens e tudo, para que não haja dúvidas, se for preciso depois também envio os tamanhos.


As botas UGG, Womens Maylin;
A carteira Hermés Kelly;
As bailarinas da Miumiu;
E ainda os oculos Miu Miu;
E o relógio da Omega, aqua terra jewellery.




















Special Agent Naughty

2 de dezembro de 2011

As diferenças entre a primeira relação e as outras todas


Ontem passei o dia com os meus sobrinhos. A determinada altura, o mais velho, de 10 anos, pergunta-me se pode aceder ao facebook através do meu telemóvel. Olhei para ele desconfiada, e a meter-me com ele, perguntei o que o levaria a precisar de ir ao facebook a meio do dia, ao que ele responde, que não era para nada, denunciando-se de imediato pela expressão e sorriso envergonhado.

Deixo-o espreitar o facebook. Quando me devolve o telemóvel acaba por me confessar que tem uma namorada. Fiquei espantada, porque sendo ele um rapaz de 10 anos, ainda não esperava que já olhasse para as raparigas e muito menos que ficasse nervoso com a situação, de forma a que isso o levasse, a meio do dia, procurar falar com ela.

Fiz-lhe algumas perguntas, para me mostrar interessada, e ele acabou por me contar que tinham começado na véspera, através do facebook, e que ainda não tinham estado juntos desde que iniciaram o namoro.

Fez-me relembrar dos antigos bate-pé, onde quase todos os primeiros namoros começavam, e dos telefonemas sentados no hall de entrada da casa, na zona mais fria e desconfortável da casa inteira, onde eu ficava pendurada ao telefone durante horas, ou então a pedir por favor aos meus pais ou irmão que não ocupassem o telefone durante demasiado tempo... Não pensei com saudade, mas com a sensação de que hoje em dia, tudo é mais descomplicado. Para falar/encontrar alguém, basta um simples telemóvel com acesso à internet e até podemos estar a meio de um programa de familia,como foi o caso.
Como teria sido mais fácil, poder fazer todos os programas, sem que a vontade de falar nos obrigasse a esperar um dia inteiro em casa, na esperança que aquele telefone fixo, desse sinal de vida. Os dias de ansiedade plena que me tinham tirado, se na altura existisse um facebook e internet mesmo à mão, para aceder em todo o lado, e já agora se não fosse pedir muito, os milagrosos telemóveis!

Voltando à nova e primeira relação do meu sobrinho. Lá estava ele empolgadíssimo com a nova namorada, que abriu novamente a pagina do facebook para me mostrar as fotografias dela (como qualquer pessoa solteira, da minha idade, faz) e aproveita e mostra-me a conversa que tiveram. Estranho, sem comentar, quando leio que no momento em que ela lhe diz que gosta dele, ele pergunta-lhe se está a gozar, ao que ela responde que não. Umas linhas à frente ele volta a perguntar-lhe se é uma partida, ela volta a dizer que não. Não contente, mais à frente, volta a dizer que já sabe que é tudo mentira, que um amigo comum lhe tinha confirmado. Ela já ofendida, diz apenas "ok", ao que ele reage logo (como qualquer outra pessoa da minha idade reagiria ao sentir-se desprezado), dizendo que estava a brincar que era só um teste e acaba por admitir que também gosta dela e que tinha duvidado porque nunca ninguém antes tinha gostado dele. Fico chocada com a conversa. Afinal o medo de se ser rejeitado não se adquire com o insucesso de algumas relações passadas, afinal está em nós, logo desde a primeira relação.
Também me choca que a idade não mude assim tanta coisa nas relações, sentimos os mesmos sintomas, queremos partilhar, mostrar, falar, temos medo de nos magoar, de dar mais do que aquilo que podemos receber e se nos sentimos a perder o controlo, se nos dão para trás, baixamos as armas e admitimos todos os erros.


Special Agent Naughty