13 de dezembro de 2011

Ser-se singular

Há uns dias, enquanto esperava por ser atendida, numa das esplanadas de rua do chiado, distraí-me com a conversa de duas amigas que estavam numa mesa ali perto e ouvi uma das frases mais intrigantes que tenho ouvido, mas que espero, que tenha um fundo verdadeiro.

A determinada altura, uma delas pousa uma das mãos por cima do ombro da amiga, onde a deixa repousada num gesto de ternura, e proferiu a seguinte frase (que me deixou até hoje, pensativa): 
«Sabes, tu és uma pessoa muito especial e singular, e quanto mais singular uma pessoa é, mais difícil se torna encontrar a sua outra parte.»

Essa frase ecoou nos meus ouvidos durante essa noite, o dia seguinte, e continua a até agora a ter repetições na minha mente que me fazem reflectir sobre isso.

Primeiro de tudo, o que é que nos torna singulares? Será que somos singulares para os nossos amigos, pessoas que nos conhecem bem e gostam de nós, ou somos, porque temos certas características que nos tornam realmente únicos, e se assim for, então não somos todos singulares?

Acreditando que temos realmente certas características mais distintas, que nos tornam, de certa forma diferentes, isso é bom? É bom sermos diferentes e únicos? É bom para quem? Se isso implica que é mais difícil encontrar alguém de quem realmente gostamos. Não seria mais fácil sermos mais iguais aos outros e termos a oportunidade de encontrar alguém que nos preencha mais facilmente?

Não sei se sou especial, acho que todos nós queremos ser e queremos pensar que o somos, agora que a minha outra parte também ainda não apareceu, isso é verdade, mas também não é isso que me torna mais especial, talvez me torne, com o tempo, é mais egoísta!

De qualquer forma, esta frase acaba por trazer alguma esperança e com ela alguma vontade que seja esse o motivo pelo qual, para uns parece ser tão difícil, o que para outros é tão fácil.

...
Ao mesmo tempo, isso faria, com que a amiga da minha mãe, que só casou aos
50 anos, seja uma pessoa muito especial e singular, e eu nunca a vi como
tal, mais como uma desbocada, intriguista, que só sabia falar da vida dos
outros...

O melhor mesmo, é não fazer comparações.


Special Agent Naughty



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