4 de maio de 2012

O teu silêncio

Não sei o que diz o teu silêncio.

Vejo os teus olhos falarem, leio varias interpretações, hoje escolho a que preferia que fosse, mas amanhã tenho dúvidas, sou mulher, sinto que posso ter-me enganado a mim mesma.

O teu silêncio não facilita, não me diz o que preciso de ouvir para descontrair na tua ausência. Não me dá a verdade, espera que eu a descodifique.

Não te conheço o suficiente. Deixa-me conhecer, deixa-me perceber para lá desse muro impenetrável. Dá-me qualquer coisa mais palpável, para que eu possa interpretar correctamente.

Sou pessoa de falar. Falo muito, até. Gosto de explicar tudo, para que me entendam, para que não restem dúvidas. Tento que nada falte, que a comunicação seja clara e nem sempre é fácil.

Já tu, preferes que te leiam, achas que no silêncio tudo se entende. Não entendes as ramificações que uma mulher consegue dar a qualquer assunto não explicado e olhas-me com esses olhos de quem acha que eu entendo. De sorriso terno, de olhar intenso, falas-me a tua língua, que só tu conheces o tradutor, convencido de que eu sei o que me dizes. Passas a mão pela minha cintura no beijo de despedida e vejo-te, enquanto conto os segundos à espera que alguma coisa mude, que alguma palavra quebre o silêncio vazio, a desapareceres ao virar da esquina.

Entrego-me a mil perguntas, vejo mil interpretações, e sabes? Escolho a pior. Para não me iludir, para me defender, para poder fugir antes de me estatelar.

Não sei ler o teu silêncio. Deixa-me insegura.

Special Agent Naughty

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