9 de maio de 2012

Valores que se perdem

Temos levantado, em alguns posts que escrevemos, a questão de alguns valores que se têm vindo a perder. Não sei se são os valores que se estão a perder, ou se estes se estão a adaptar e a modificar-se connosco e com o passar do tempo.

Esta é a eterna questão. Ouvimos a versão dos nossos pais e acreditamos que antes era diferente, chegando à conclusão que hoje em dia damos menos importância aos gestos, menos valor ao momento, perdemos menos tempo com a conquista, somos mais individualistas, temos menos paciência uns para os outros, e por aí fora. Mas se formos falar com os nossos avós, dizem o mesmo da época dos nossos pais, que os valores começaram a perder-se nessa altura (claro está, no nosso tempo, já estão mais que perdidos), para quem tem bisavós, se falar com eles terá sido no tempo dos nossos avós que tudo começou a mudar.

A verdade é que de geração em geração os valores mudam, as pessoas mudam, o tempo muda, e deixa de haver forma de comparação, porque tudo era diferente na geração anterior.

Ainda assim, e voltando um pouco atrás, todos gostávamos que alguns aspectos nunca tivessem mudado, e que de alguma forma, algum conservadorismo, ou mesmo "valores" se tivessem mantido eternos.

Fazendo um levantamento de alguns pontos que antes tinham um determinado sentido, ficamos abismados sobre como hoje em dia são encarados. Às vezes é apenas falta de tempo para olharmos de frente esta questão e a encararmos com a realidade mais pura.

Deixo aqui alguns exemplos:

Abraço: um abraço antes era uma forma de expressar carinho, claro que continua a ser hoje em dia, mas já temos outra atenção conforme a pessoa que nos abraça e o tipo de abraço que é dado. Às vezes é visto como forma de se aproveitar, de nos tocar. Estranhamos quando alguém com quem não temos grande confiança nos abraça, achamos logo que deve querer alguma coisa de nós.

Mão à volta da cintura: uma forma de afecto que hoje é um pequeno teste para ver a forma física. Se está tonificada ou qual o real volume de gordura.

Mão dada: é piroso, antes era o assumir ao mundo de um relacionamento.

Elogiar: é difícil. Hoje em dia um elogio é porque vão pedir alguma coisa em troca ou vão dar-nos uma má noticia.

Beijo na boca: só isso? Já é pouco, quando antes se demorava tanto tempo para se começar por um primeiro beijo, hoje em dia antes de conhecer já se beijou.

Dizer Amo-te ou Adoro-te: é como dizer olá, até amanhã, até já, qualquer coisa. Diz-se de qualquer maneira, por qualquer motivo.

Namorar: é mais simples ter casos, não se assume tanto e fica-se disponível para o que der e vier. Não dá tanto trabalho terminar.

Amor: é perda de tempo. E é expormo-nos demais. Antes procurávamos o amor, hoje fugimos dele.

Traição: é normal. Talvez sempre tenha sido, mas enquanto antes fingia-se não se saber, hoje em dia quer-se saber, para depois se perdoar ou mesmo para poder vingar ou arranjar motivos para largar.

Pedido de casamento: deixou de ser formal, meticuloso, cuidadoso, para muitas vezes ser combinado pelos dois, ou metida a aliança num bolso como forma de surpresa.

Special Agent Naughty

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