1 de fevereiro de 2012

A minha vida dava uma telenovela... portuguesa

Quando era mais nova era viciada nas telenovelas brasileiras. Sabia as músicas da Tieta de cor, era apaixonada pelo Roque Santeiro - que tinha mais 37 anos do que eu - e vibrava com a Tancinha. Depois cresci e fui perdendo o interesse, sem nunca deixar de reconhecer o valor daqueles actores, todos giros, sarados e bem preparados para a interpretação. Quem é que nunca despachou as iscas num pis-pás só para poder ver a Maitê Proença??

Entretanto, os canais começaram a luta pelas audiências e só passavam telenovelas e assim, o nervosismo para as ver  foi substituído pelo stress em procurar programas alternativos na televisão. Deixou de ter graça esperar pelo fim do telejornal porque estavam sempre a passar e a Paula Neves ocupou o lugar da Regina Duarte e, foi assim, que me irreconciliei com a Glória Pires e com o António Fagundes.

Depois a coisa descontrolou-se e a TVI começou a produzir uma média de 6 telenovelas ao mês. Ora, com tantas telenovelas e tão poucos argumentistas nacionais, a coisa tinha que descambar e foi assim que surgiram "never ending stories" sem interesse nenhum e com argumentos insípidos.... historiazinhas!

Eu, pelo meu lado, também fui crescendo, deixando a redoma dos amigos do colégio e fui conhecendo mais pessoas e enfrentando novos problemas. E, de repente, dei por mim metida numa telenovela. Não num episódio isolado mas num "Anjo Selvagem", numa "Floribela" ou numa qualquer desse estilo sempre e quando seja um imbróglio gigante e dure anos sem fim.  Passei a ter problemas, os meus amigos idem, conheci pessoas novas - uma ou outra desiquilibrada e alguma má  - tive relações frustradas, comecei a trabalhar que nem um cão e passei a ter que me sustentar.

Não é que eu tenha uma vida má, antes pelo contrário. Mas às vezes apetecia-me voltar atrás e não ter que passar por muitos dos problemas de cárácácá que aparecem no dia a dia e, sobretudo, preferia que não se inventassem histórias onde não há. Como fazem alguns argumentistas portugueses.

Preferia estar metida numa grande história e poder dizer "Meti-me num filme", mas nem isso. Ou ter 30 criados em casa para que a telenovela fosse brasileira mas também não é por aí. Assim que só me resta esperar que as coisas voltem a ser como antes e voltar ao tempo em que estava todos os dias com os meus amigos,  em que os meus pais me pagavam as contas, em que só recebíamos boas notícias e em que tínhamos tempo para tudo e todos. E, sobretudo, em que as nossas expectativas não eram tão altas e em que as histórias não tinham finais recambulescos, como nas telenovelas portuguesas...


Special Agent Drama



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