4 de janeiro de 2012

Amar para sempre!

Diz-se de forma tão inconsequente que se ama, que se adora, que é para sempre, que é o amor mais forte que já se sentiu na vida.
E tudo isto porque realmente se acredita que é aquilo que se está a sentir, ou é apenas para satisfazer o prazer de quem está ao nosso lado e que quer, ou precisa ouvir todos os dias para ganhar um novo folgo para poder enfrentar mais um longo dia?

Acredito que muitas destas pessoas que adoram repetir "amo-te" todos os dias e varias vezes ao dia, que possam gostar realmente da pessoa a quem o dizem, mas não posso acreditar que naquele exacto momento em que estão a proferir aquelas mesmas palavras, estejam a sentir aquele amor tão profundo.

Eu sou pelas palavras poupadas que perpetuam no tempo, pela força de um momento que se torna único pelo simples facto de ser tão raro. Sou pelo valor das palavras, tão especiais que não devem ser gastas à toa, devem ser cuidadas e oferecidas no momento certo para que se possam ouvir e saborear mais intensamente.

Sei que se pode sentir que se ama "quase" todos os dias, mas sei também que não se ama mais pelo simples facto de se repetir mais vezes. O amor está dentro de nós e dá a sentir a quem é amado. Sente na voz, às vezes irritada, às vezes branda, às vezes trémula, mas é um tom que só oferecemos a quem amamos. Sente-se nos gestos, ora mais brutos do que a qualquer outra pessoa, ora os mais ternurentos que alguma vez imaginámos ter. Sente-se no toque que nos conforta como se estivéssemos na nossa casa. No olhar que diz tudo. Sente-se e pronto.

Mas ainda assim há quem ache que tudo isto é pouco e ou porque se sente na obrigação ou porque faz disso obrigação, e lá está, todos os dias a repetir em cada beijo pela manhã, no telefonema a meio do dia, no email que enviou ao almoço, na mensagem que trocou durante a tarde e ainda há espaço para mais um "amo-te" ao chegar a casa e outro com o beijo de boa noite.

Isto sem falar da amálgama de nomes carinhosos que se acrescentam a esta sinfonia:

- o "amor", que soa sempre de forma poética. Então quando juntamos "amor, amo-te muito", é como se fossemos retirados directamente de um livro de poesia;
- o "querida", que nos torna doces e especiais, quase como um Ferrero Rocher;
- temos a "princesa", que enaltece a posição de qualquer mulher, transformando-nos em personagens de um conto infantil;
- há também o "baby", que nos transforma em frágeis donzelas protegidas pelo nosso guardião;
- o "fofinha", que nos enche de pelos até parecermos um urso de peluche;
- ou o "gorda" que não é tão sofisticado nem tão elogioso, mas é tão cobiçado como qualquer um dos outros 5, estranhamente.

Ainda há outros, mas seria capaz de escrever um livro se os tentasse enunciar a todos.
Até porque ainda existem os homens, e se achavam que os nomes que as mulheres lhes atribuíram eram sobre a sua força, a protecção ou grandeza? Nomes como "majestade", "rei", "guerreiro" ou "cavaleiro"?! Desenganem-se. Todos os nomes dedicados às mulheres, são também os mesmos dedicados aos homens: "amor", "querido", "príncipe", "baby", "fofinho" e "gordo".

Deve ser da emancipação da mulher, queremos os mesmos direitos, logo as justificações são as mesmas e os belos príncipes hoje em dia são tratados como donzelas desprotegida, embrulhadas em Ferrero Rocher e cobertos de pelúcia!

Por isso, eu prefiro um homem normal, não ficcionado, sem apetrechos, nem decorações. Prefiro o nome próprio, ou o do meio, até poderá ser o ultimo, mas o dele. E de preferencia sem o "amo-te para sempre" falado enumeras vezes até a mãe, a irmã, a porteira, o padeiro e o taxista saberem.

Não sou contra quem o faz, mas eu sou pela simplicidade do amor. É como preferir um diamante em bruto a um lapidado.



Special Agent Naughty

1 comentário: