18 de janeiro de 2012

Blind date

Aos poucos o blind date é uma forma alternativa que acaba por ganhar expressão com o acesso global à internet. Solteiras e solteiros de todas as idades utilizam nem que seja por curiosidade este método. Claro que existem formas mais fáceis de blind date, pode ser marcado por uma amigo que conhece ambos e achou que poderia funcionar. Mas a mais usual é mesmo o contacto, aparentemente sem querer, através de um qualquer programa de chat. Adicionam, fingem ou não que conhecem e tentam uma abordagem.

Ouvindo vezes sem conta histórias de encontros, relacionamentos, amigos para a vida que começaram através de um blind ou semi-blind date, a partir de certa altura repensamos a nossa forma de estar. A verdade é que uma pessoa quer estar na moda, não quer ser old school e com o Facebook e tantas formas novas de conhecer perfeitos desconhecidos, o blind date começa a ser uma hipótese a ponderar.

E lá está aquele rapaz que me adicionou, sem eu o conhecer de lado nenhum, mas que até acabei por aceitar dado que parecia bastante engraçado em todas as fotografias. Envio a típica mensagem a perguntar de onde o conheço, conversa puxa conversa e salta um convite para jantar.

Respirei, pensei, ponderei... E vamos embora!

Nas varias conversas que trocámos, foi me dando algumas informações, o que fazia, onde vivia, os tempos livres, até o carro que tinha (falou num Audi A3) e sinceramente pareceu-me (independentemente do carro) que tinha características com as quais poderíamos vir a ter um bom jantar. Percebi que tínhamos amigos em comum, tentei tirar algumas informações sem querer ser clara, as opiniões foram vagas mas positivas, podia ter tentado aprofundar mais, mas às vezes não queremos que nos estraguem o que a nossa imaginação já desenhou.

Combinámos que vinha buscar-me a casa. Quando saí procurei o tal Audi que falou, e fui encontra-lo junto a uma Cangoo, não tenho nada contra Cangoos, mas para quê dizer que tem um carro que não tem. Cumprimentei-o e a primeira coisa que percebi é que era bastante fotogénico, uma vez que toda a sua aparência destoava bastante das fotografias. Condenei logo o jantar antes sequer de começar.

Instalei-me no carro, que tresandava a cigarros, senti-me logo mal disposta. Para quê perder tempo neste jantar se já não tinha qualquer disposição para ele? Arrancámos em direcção ao restaurante, que com algumas indecisões lá acabou por escolher um numa zona movimentada da cidade.

Sentamo-nos, fizemos o pedido e o pensamento de "quando é que isto acaba" não passava. Não havia conversa que fluísse naturalmente, não encontrámos qualquer assunto em comum, não concordávamos com nada, e tudo o que inicialmente tínhamos falado através de chat, não tinha nenhum fio condutor, eram duas pessoas totalmente diferentes, a que estava atrás de um teclado, versos a que estava à minha frente.

O jantar não melhorou, eu já não estava a tentar fazer um esforço. Não tínhamos nada em comum e parecia que tudo o que me tinha dito anteriormente a este encontro, se desfazia em catadupa diante de mim. Cheguei mesmo a ponderar se estaria a jantar com a pessoa certa.

Despachado o jantar não voltámos a falar. Não sobrou qualquer vontade de mantermos uma conversa. Era como se duas pessoas de mundos totalmente opostos, sem nada em comum, que não falam a mesma língua, se tivessem juntado durante 2 horas em que tiveram de tentar comunicar, mas sem qualquer resultado.

Passou! Passou e ainda bem!

A verdade é que antes de um encontro com uma pessoa que não conhecemos inventamos uma personagem, damos-lhe forma através das poucas fotografias que temos acesso, damos-lhe voz, maneira de estar, imaginamos todo um contexto e no momento em que conhecemos a pessoa, nada se enquadra no quadro que pintámos. Pode surpreender, ou pode, no meu caso, desiludir.


Conclusão: o blind date não é para mim!



Special Agent Naughty

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