17 de janeiro de 2012

Descobri que sou solteira

Acordas um dia e vês-te com um novo estado civil, que nunca constou nem alterou no BI, mas que muda totalmente perante o olhar dos outros e no espaço vazio que fica ao teu lado. Passas assim da "namorada de..." para "solteira".

Depois de anos de relações, não sabes como é ser uma "solteira", vês-te lançada às feras que esperavam por sangue fresco, acabadinho de chegar ao mercado, olhas em volta assustada e a primeira pergunta que surge é - "Agora que não tenho um homem que me proteja como me vou defender?"

Pouco tempo depois descobres, e arranjas a tua fórmula, crias carapaças e tanto és bruta e afastas constantemente os homens que tentem alguma aproximação, como andas sempre com outras solteiras ao lado para que possas despachar tudo para elas, ou juntas-te à brincadeira, alinhas e ris-te, mas às vezes no dia seguinte choras e acabas por começar aos poucos também a repudiar...

Vais tentando movimentar-te dentro dessa carapaça, que umas vezes serve lindamente, mas que noutras alturas sentes que está vários números a baixo, e que já devia ter sido trocada, porque já está fora da tua medida.

Pouco e pouco vais escolhendo que tipo de solteira queres ser:


- A solteira que se mantém devota, sei lá a quê, a Deus, talvez. Que insiste que se deve comportar como uma mulher casada porque as suas amigas estão casadas, e decide que os solteiros são para as amigas e nunca pondera que possam ser para elas. Porque ela está a guardar-se de forma quase santificada para o homem que espera;

– A que não sai de casa, que acredita que tem um destino traçado e que quando tem de ser tem muita força e mais tarde ou mais cedo ele irá aparecer;

– A que procura o homem para casar, já nem pensa em namorar, tem de ser o homem certo, que já vem com todos os requisitos preestabelecidos e nem vale a pena perder tempo com os outros todos que, não sei como, vê logo que não são "o certo";

– Há a solteira que decide aproveitar logo desde o primeiro dia tudo o que não viveu em todos os anos em que esteve "casada" e numa de vingança, de tentar esquecer ou por e simplesmente porque quer é curtir a vida como lhe apetece no momento, decide não procurar um homem para casar e viver o momento. Assume em pleno, que se os homens podem ser mulherengos, as mulheres podem sê-lo também.

A verdade é que a maior parte das vezes acabas por ser uma de cada consoante a fase em que estás.

Ser solteira é quase como ter síndroma de tripolaridade:

• Às vezes adoras, sentes-te lindamente, independente, feliz, segura, cheia de auto-estima, o melhor que podias estar a viver;

• Outras sentes-te triste por estares sozinha, gostavas de já ter alguém, de não ter sido deixada para última, de teres tido uma história mais fácil, de estar casada, já com filhos...

• E outros dias queres é divertir-te e no dia seguinte sentes-te mal, condenas-te porque já não queres ser a solteira atrevida e optas novamente por voltares a estar devota, mais tarde já estas há tanto tempo em casa à espera que o destino faça o seu papel e decides ir para a rua procurar o homem para casar.


Ser solteira é tudo isto, um misto de emoções, gostas, mas não sabes se devias, odeias mas queres aproveitar.

Sabes que mais?

Não penses demasiado, isso não te vai trazer a pessoa certa mais depressa, vai é fazer-te baixar o teu padrão e acabas com uma meia vida, um médio amor, e uma coxa relação. Aproveita, dá um prémio ao melhor engate, procura o melhor beijo, conhece o maior galã, faz um estudo sociológico minucioso sobre as conversas que os homens usam para se aproximarem de uma mulher. Vai vivendo sem pressa, vive o dia, ri-te com ele, mas não chores no dia seguinte.

Faz o que te apetece!


Special Agent Naughty

1 comentário:

  1. Adorei! Belo post com muita verdade e uma pitada de ironia
    Ah, e ainda existem as solteiras e amigas "after hours"...

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